sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Castelão é apontado como estádio mais poluente de 2014; CE discorda


Estado rebate estudo como 'superficial' e que 'não traduz a realidade'

 

Imagem de como ficará o Castelão na Copa
do Mundo de 2014 (Foto: Vigliecca&Associados)


 Por Diego Morais Fortaleza, CE
 
Um estudo divulgado pela consultoria Personal CO2 Zero indicou que o Castelão é o estádio da Copa do Mundo de 2014 que mais emitirá poluentes à atmosfera. Dentre todos os estádios que receberão jogos do torneio a arena cearense emitirá 197,98 tCO2e (toneladas de CO2 equivalente, medida global para calcular a emissão de gases de efeito estufa) durante as partidas. Mas o governo do Ceará discorda  e acusa o estudo de ser "superficial".

O principal critério para se chegar a este número foi a área construída dos estádios, o número de partidas disputadas durante o Mundial e o ciclo de vida últi de cada arena - calculado em 30 anos. Além do Castelão, a Arena das Dunas, em Natal (153,18 tCO2e) e o Mané Garrincha, em Brasília (139,24 tCO2e), apresentaram altos índices de emissão de dióxido de carbono. Para a consultoria, o estádio mais sustentável durante o evento é a Arena Pantanal, em Cuiabá - que emitirá 37,70 tCO2e nos quatro jogos que sediará.

Com relação às cidades, o relatório indica que o transporte aéreo é o maior agente de emissão durante os jogos, sendo responsável por 60% dos gases. A consultoria apresenta um ranking das cidades-sede mais emissoras de poluentes: juntas, São Paulo, Salvador, Natal e Rio de Janeiro respondem por 56,7% das emissões estimadas, considerando apenas a construção dos estádios e investimentos em infraestrutura. Neste requisito, Recife seria a cidade menos poluente.

O estudo aponta ainda que os deslocamentos internos, transportes e a construção dos estádios são os principais emissores de gases poluentes - mais de 80% do total para a realização da Copa do Mundo de 2014. Segundo a consultoria, o Brasil emitirá 11.173.210 tCO2e, volume igual a 46.946 hectares de floresta (34,5% do Pantanal) ou ao consumo de energia de 181.254 domicílios - o suficiente para iluminar municípios como Londrina/PR, Santos/SP ou Campos dos Goytacazes/RJ por um ano.

Castelão já tem mais de 87% das obras concluídas (Foto: Divulgação/Secopa-CE)


Governo do Ceará descredita estudo
 
Para o secretário especial da Copa no Ceará, Ferruccio Feitosa, o estudo é superficial e não traduz a realidade das obras no estádio Castelão.

- O que eu posso falar sobre esse estudo é que ele é totalmente superficial e não traduz a realidade. É um estudo que não analisou o projeto do estádio e apenas cita dois aspectos: o tamanho do estádio e o número de jogos. Sendo assim, nós teríamos que construir um estádio pequeno e torcer para receber poucos jogos para não poluir - disse o secretário.

Ferruccio Feitosa disse ainda que a consultoria não analisou o projeto do estádio e não levou em consideração as ações de sustentabilidade desenvolvidas pelo Castelão.

Veja nota enviada pelo Governo do Estado sobre o estudo em questão:

"Sobre o Estudo de Impacto de Emissões em CO2 Equivalente elaborado pela empresa Personal CO2zero.com, esclarecemos que dos nove itens analisados, apenas um aborda especificamente o estádio Castelão. Contudo, este único item leva em consideração apenas um índice geral de poluição com base no fator de emissões por metro quadrado construído estabelecido pela própria empresa, desconhecendo o projeto de sustentabilidade que é adotado pela Arena desde o dia 13 de dezembro de 2010, quando foram iniciadas as obras. O estudo alega então que os estádios que terão uma maior área construída necessariamente irão poluir mais. O que não corresponde com a verdade, pois não houve o cuidado em fazer um levantamento de quais ações de sustentabilidade foram tomadas por cada estádio para diminuir as emissões de CO2. 

Nos demais itens, são estabelecidos resultados com base no simples número de pessoas que irá para as sedes. Dessa forma, o Estudo em questão se baseia inteiramente em indicadores gerais apresentando dados superficiais e questionáveis do ponto de vista técnico. Destacamos ainda que a obra de reforma e modernização do Castelão já conta com Certificação ISO 14000 e possui consultoria especializada que trabalha com o sistema de certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design™), baseado em normas norte-americanas para o desenvolvimento de edifícios sustentáveis de alto desempenho e que é referência para os processos construtivo e industrial."

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