segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Prefeituras da região de Belo Monte repudiam paralisação das obras


Brasília - O Consórcio Belo Monte, que reúne as prefeituras, as câmaras de Vereadores e a sociedade civil de 11 municípios da região onde está sendo construída a Hidrelétrica de Belo Monte, divulgou um comunicado hoje (27) manifestando “repúdio e enorme preocupação” com a paralisação das obras da usina.

O grupo diz que respeita a posição dos membros do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que votou pela suspensão do empreendimento, mas não aceita a decisão, que representa “praticamente a insustentabilidade de uma nação comprometida com o desenvolvimento”.

“Essa paralisação só trará prejuízos, muita insegurança e incertezas pra todos, deixando de lado as melhorias da saúde, educação, segurança pública”, diz a nota, assinada pelo presidente do Consórcio, Eraldo Pimenta, que também é prefeito de Uruará.

O consórcio argumenta que foram feitas diversas consultas públicas com a participação de índios, ribeirinhos e a população. Os prefeitos também alertam para as um possível desemprego em massa dos trabalhadores do empreendimento, com a paralisação da obra.

No dia 14 de agosto, o TRF1 votou pela suspensão imediata das obras de Belo Monte por descumprimento à determinação da Constituição Federal que obriga audiências públicas com as comunidades afetadas antes da autorização das obras pelo Congresso Nacional.

Na última quinta-feira (23), a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao STF que seja suspensa a decisão da Justiça Federal. Hoje, a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao STF um parecer pedindo que a paralisação das obras seja mantida.
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil 


sábado, 18 de agosto de 2012

Conselho de engenharia diz que vergalhões estavam mal amarrados em obra onde operário foi atingido no crânio



Órgão vai convocar engenheira responsável por empreendimento onde acidente aconteceu

 
O Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio) vistoriou a obra em Botafogo, na zona sul da capital, onde o operário Eduardo Leite, de 24 anos, foi atingido na cabeça por um vergalhão de dois metros. A comissão constatou que os vergalhões usados no empreendimento não estavam bem amarrados quando foram içados, o que descumpre normas de segurança do Ministério do Trabalho.
 
O conselho vai convocar, nas próximas semanas, a engenheira responsável pelas obras na rua Muniz Barreto, 111. Leite teve o crânio atravessado pelo objeto, que caiu do quinto andar da obra.

Ela vai prestar depoimento na Capa (Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes) e também terá uma das ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica) cancelada, já que foi verificado que a profissional assumiu a responsabilidade técnica tanto pela obra quanto pela segurança do empreendimento, o que é proibido pela Câmara Especializada de Segurança do Trabalho.
 
Durante vistoria realizada nesta sexta-feira (17), os técnicos do Crea-RJ verificaram ainda que, no momento do acidente, não havia responsável técnico de segurança, que deveria isolar a área quando o vergalhão foi içado, o que evitaria o acidente.

Lúcido e sem sequelas
 
A Secretaria Municipal de Saúde informou, ao meio-dia desta sexta-feira, que o estado de saúde de Leite era estável neste horário. Ainda de acordo com a secretaria, ele fazia uso de antibióticos para evitar infecções. O paciente passou bem a noite, estava lúcido e não apresentava sequelas. Até meio-dia, não havia previsão de alta.

Quando foi socorrido, o rapaz chegou ao hospital consciente e falou com os médicos. Apesar de ter o cérebro atravessado pelo objeto, os médicos disseram, na quinta-feira (16), que ele não teria sequelas.

Segundo a equipe que atendeu o rapaz, se ele fosse atingido mais 3 cm para a direita do crânio, ficaria sem os movimentos do lado esquerdo do cérebro.

A mulher do operário, Lilian Regina da Silva Costa, o visitou nesta sexta no CTI (Centro de Terapia Intensiva). Ela disse que o marido fez uma declaração de amor.

— Ele ainda está bem nervoso, mas já está bem e nem parece que aquilo tudo aconteceu. Quando eu cheguei, a primeira coisa que ele falou foi: ‘eu te amo’. Fiquei muito emocionada.

Lilian disse ele já faz planos sobre o que fará quando deixar o hospital. Para a mulher, o operário nasceu de novo.

— Ele falou que a primeira coisa que vai fazer quando sair daqui é ir à igreja. Foi uma grande benção. Ele ganhou uma nova vida. Fiquei muito emocionada e chorei muito.

Poluição de veículos a diesel pode ser reduzida com mineral raro



Foto: Wilson Dias/ABr

Pesquisadores identificaram o elemento mulita como um substituto para a platina, que é um metal caro e usado atualmente nos motores a diesel. A solução foi anunciada por um grupo de engenheiros da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Eles identificaram que o elemento mulita pode ser um eficiente substituto para a platina, que é usada atualmente para controlar a poluição lançada no ar pelos motores a diesel.

O problema da platina é o fato de ser um metal caro, enquanto a mulita pode ser produzida a partir do topázio. De acordo com um estudo, publicado na Scielo, o topázio é uma fonte alternativa para a produção de mulita de baixo custo e de alta qualidade.

A opção também é mais barata e eficiente. Uma versão sintética deste elemento reduz até 45% mais poluição do que a platina, de acordo com os pesquisadores.

As mulitas sintéticas precisam ser produzidas, por ser um mineral raro e quase inexistente na natureza. Entretanto, isso não é problema para o grupo. 

"Muitos métodos para controlar a poluição de carros ou usar energias renováveis requerem metais raros ou preciosos", afirmou o professor Kyeongjae Cho, um dos responsáveis pela pesquisa. "Nosso objetivo é acabar com a necessidade de usar estes metais e substituí-los com minerais e óxidos que possam ser encontrados ou obtidos facilmente."

Cho ressaltou a facilidade em produzir o mineral mulita em entrevista à revista "Science", que publicou o estudo nesta sexta-feira (17). Ele também afirmou que o novo método será comercializado com o nome de Noxicat. Um resumo do estudo pode ser lido gratuitamente na revista Science.

Já as pesquisas sobre os usos da mulita não terminaram. A equipe ainda busca identificar novas técnicas para a criação de outros elementos automotivos, como as baterias, por exemplo. Com informações do G1.

Consciência ambiental no país quadruplicou, diz pesquisa



Na média nacional, 34% sabem o que é consumo sustentável atualmente. l Foto: Tory Byrne/SXC

Brasília - Os brasileiros estão mais conscientes sobre a importância do meio ambiente do que há 20 anos. Na comparação entre os primeiros e últimos resultados, divulgados em junho, a pesquisa O Que o Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável, realizada desde 1992, mostrou que a consciência ambiental no país quadruplicou.

As versões do levantamento mostram, que enquanto na primeira edição, que ocorreu durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, 47% dos entrevistados não sabiam identificar os problemas ambientais. Este ano, apenas 10% ignoravam a questão.

Na média nacional, 34% sabem o que é consumo sustentável atualmente. “Esta é uma pesquisa que mostra claramente tendências”, explicou a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Brollo de Serpa Crespo.

Nessa projeção, a população da Região Sul mostrou-se mais engajada ambientalmente. Mais da metade dos sulistas sabem o que é consumo sustentável. “A diferença do Sul é impressionante em termos dos mais altos índices não só de acertos mas de atitudes corretamente ambientais”, disse .

Ao longo de duas décadas, os mais jovens e os mais velhos são os que menos conhecem a realidade ambiental, mas a consciência aumentou. Há 20 anos, quase 40% dos entrevistados entre 16 e 24 anos não opinaram sobre problemas ambientais, assim como mais de 60% dos brasileiros com 51 anos ou mais. Este ano, as proporções caíram para 6% entre os jovens e 16,5% entre os mais velhos.

“ Isso tende a mudar ainda mais, porque agora temos todo um trabalho de educação ambiental nas escolas, o que vai refletir nas faixas seguintes ao longo dos anos”, disse Samyra, acrescentando que o nível de consciência ambiental “cresce à medida que a população é mais informada e mora em áreas urbanas, porque significa acesso à informação. E, na área rural, ainda há o habito de queimar o lixo”.

Atitudes ambientalmente corretas

Samyra afirma que os resultados mostram que a população, além de mais consciente, mostra maior disposição em relação a atitudes ambientalmente corretas e preocupação com o consumo.

A questão relacionada ao lixo, por exemplo, é um dos problemas que mais ganhou posições no ranking dos desafios ambientais montado pelos brasileiros. O destino, seleção, coleta e outros processos relativos aos resíduos que preocupavam 4% das pessoas entrevistadas em 1992, agora são alvos da atenção de 28% das pessoas.

Este ano, 48% dos entrevistados, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, afirmaram que fazem a separação dos resíduos nas residências. “Muitas vezes a disposição da população não encontra acolhimento de politicas públicas. Muitas vezes o cidadão separa em casa e a coleta do lixo vai e mistura os resíduos”, disse a secretária.

Na análise geral do país, os índices ainda são baixos, sendo que menos de 500 municípios têm coleta seletiva implantada. Enquanto a separação do lixo é um habito de quase 80% das pessoas que vivem na Região Sul atualmente e de mais da metade dos moradores de cidades do Sudeste. No Norte e Nordeste, mais de 60% não separam resíduos.

Entre os problemas ambientais apontados, o desmatamento das florestas continua no topo da lista elaborada pelos entrevistados. “A preocupação com rios e mares [que continua na segunda posição do ranking] se eleva a partir de 2006. Já é impacto da Politica Nacional de Resíduos Sólidos [criada em 2010]”, disse ela.

“O bioma Amazônia continua sendo considerado o mais ameaçado na opinião das pessoas”, disse Samyra Crespo, comparando as edições da pesquisa. Em 2006, por exemplo, 38% dos entrevistados estavam dispostos a contribuir financeiramente para a preservação do bioma. Este ano, o índice cresceu para 51%.

Samyra Crespo ainda aposta que a Política Nacional de Resíduos Sólidos vai provocar mudanças econômicas, criando um ambiente de estímulo à reciclagem. “Temos que trabalhar tanto na desoneração da cadeia produtiva, como com a conscientização ambiental. Os produtos corretos concorrem hoje nas mesmas condições”, disse ela, acrescentando que “não é tão simples porque você trabalha toda a cadeia do produto e temos poucos estudos de ciclos do produto”.

No decorrer dos últimos vinte anos, a população também mudou a forma como distribui as responsabilidades sobre meio ambiente. “Em 1992, o governo federal era o maior responsável. Isso vai diminuindo e a responsabilidade foi sendo atribuída às prefeituras. Continua a tendência a achar que é o governo [federal], mas cada vez mais o governo local é priorizado”, disse Samyra Crespo.

Conheça a maior ponte solar do mundo!



Londres pode se considerar com muita sorte, já que será a sede da maior ponte solar do mundo. Com mais de 4.400 painéis fotovoltaicos instalados, a ponte localizada no terminal de Blackfriars, será capaz de gerar anualmente 900.000 KWh de eletricidade. Isto equivale a 50% de toda a energia consumida pela estação e reduz as emissões de carbono em 511 toneladas por ano.


Incrível, não? Além dos painéis solares, a estação da ponte solar também terá outras medidas de conservação de energia, como um sistema de coleta de água da chuva e tubos que conduzem luz natural para iluminar o interior da estação. Espera-se que fique pronta assim que as obras sobre o Rio Tâmisa forem concluídas. Já imaginou uma dessas aqui no Brasil?
 *Informações Guardian Environment Network e OEco

terça-feira, 14 de agosto de 2012

justiça determina suspensão das obras da usina de Belo Monte



Decisão foi tomada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).
MP argumenta que índios tinham de ser ouvidos antes do início da obra.

 

 

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) determinou a suspensão imediata das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, sob pena de multa diária de R$ 500 mil.

A decisão foi tomada nesta segunda-feira (13) pela 5ª Turma do tribunal como resposta a um recurso do Ministério Público Federal (MPF).

O consórcio Norte Energia, responsável pela obra da usina de Belo Monte, informou que ainda não foi notificado da decisão do TRF e que só vai se manifestar sobre o assunto na Justiça.

Cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF). O consórcio responsável pela obra deve ser notificado da decisão de paralisação das obras até quinta (16), segundo o TRF.

Em novembro do ano passado, o tribunal havia negado pedido do Ministério Público Federal para anular o decreto legislativo 788, que autorizou a instalação da usina em 2005.

O Ministério Público alegava que os índios que vivem no local deveriam ter sido ouvidos pelo Congresso antes da aprovação do decreto.

Diante da negativa da Justiça, o MPF recorreu, usando como base a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A convenção trata do direito de consulta dos povos indígenas e tribais a medidas legislativas que possam afetar seus direitos.

"O poder público deve exigir na forma da lei, para instalação de obra, estudo prévio de impacto ambiental. Não é estudo póstumo. O Congresso determinou estudo póstumo e não prévio. Essa é a primeira premissa equivocada desse decreto legislativo", explicou o desembargador Souza Prudente, do TRF, em entrevista nesta terça (14).

O Congresso precisou autorizar a obra de Belo Monte por meio de decreto legislativo porque se tratava de obra em terra indígena - isso, segundo o desembargador, é uma exigência prevista na Constituição.

Para ele, o Congresso determinou uma "oitiva precária, imprestável através do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], só pra comunicar, no estilo da obra de James Cameron, 'Avatar'. O Congresso utilizou um instrumento autoritário".

Além da convenção da OIT, a decisão judicial tomou por base artigo da Constituição que diz que a pesquisa e a lavra das terras indígenas só pode ser feita mediante consulta aos povos.

Segundo o desembargador, as obras de Belo Monte só poderão ser retomadas depois que o Congresso consultar as comunidades. Ele esclareceu que as opiniões dos indígenas - quaisquer que sejam - terão validade legal e deverão ser levadas em consideração para a continuidade das obras.

"O Congresso tem que levar em conta as decisões da comunidade indígena. O legislador não pode tomar decisão sem conhecer os efeitos dessa decisão. O Congresso só pode autorizar se as comunidades indígenas autorizarem", disse.

Não há, no entanto, definição sobre a forma de se realizar a consulta - por exemplo, quantos indígenas deverão ser ouvidos, como e quando.

Entenda o caso

A Usina Hidrelétrica de Belo Monte está sendo construída no rio Xingu, em Altamira, no sudoeste do Pará, com um custo previsto de R$ 19 bilhões.

O projeto tem grande oposição de ambientalistas, que consideram que os impactos para o meio ambiente e para as comunidades tradicionais da região, como indígenas e ribeirinhos, serão irreversíveis.

A obra também enfrenta críticas do Ministério Público Federal do Pará, que alega que as compensações ofertadas para os afetados pela obra não estão sendo feitas de forma devida, o que poderia gerar um problema social na região do Xingu.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Investimentos mundiais em energia limpa precisam duplicar em 8 anos, diz AIE

Em dez anos, a energia solar e eólica cresceram 42% e 27%, respectivamente. | Foto: KLP/SXC

As autoridades mundiais precisam intensificar ainda mais os esforços em prol das energias renováveis. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), é necessário duplicar os investimentos no setor. A informação consta no livro Perspectivas Tecnológicas de Energia 2012: Caminhos para um Sistema de Energia Limpa, lançado no último mês.

A meta em relação à energia limpa precisa ser alcançada até 2020, para que seja possível limitar a elevação das temperaturas globais em apenas dois graus Celsius. Para isso, a AIE diz que é necessário reduzir a dependência mundial por combustíveis fósseis.

A publicação traz recomendações diretas aos ministros, que devem reduzir progressivamente os subsídios às matrizes não renováveis. Em contrapartida, é necessário priorizar novas tecnologias e aumentar a eficiência energética em todos os setores.

O livro apresenta situações bem sucedidas, como o aumento significativo na produção de energia solar e eólica, que em dez anos cresceram 42% e 27%, respectivamente. As hidrelétricas brasileiras também foram destacadas, como modelo sustentável de produção, que deve ser replicado em outros países.

Nesta semana a diretora da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Ana Lúcia Doladela, falou sobre a preocupação nacional para manter o equilíbrio da matriz energética, valorizando as fontes renováveis.

Segundo ela, este é o segundo tema que mais preocupa o governo em termos de emissões de gases de efeito estufa. Portanto, o país precisa crescer no setor, aproveitando as condições naturais propícias à produção eólica e solar, e aplicando novas tecnologias para gerar energia através dos oceanos.Com informações do Terra e DCI.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Usuários ativos do Facebook emitem 269 gramas de CO2 por mês

Em relação às fontes energéticas, a empresa garante ter 23% de sua eletricidade proveniente de fontes limpas ou renováveis. l Imagem: Reprodução

Cada usuário ativo do Facebook é responsável pela emissão mensal de 269 gramas de gases de efeito estufa. A informação está disponível no relatório que apresenta pegada de carbono da rede social, divulgado na última quarta-feira (1).

A análise recém-divulgada é referente ao ano de 2011, em que o total da energia gasta pelos escritórios, centros de dados e outras instalações pertencentes ao Facebook gastaram 532 milhões de kWh.

Para que a pegada de carbono da empresa fosse calculada corretamente, foram consideradas as estruturas físicas de escritórios e centrais de dados, mas também entraram nas análises as viagens aéreas feitas pelos funcionários e as emissões resultantes das construções realizadas no período e a logística do servidor. A emissão total chegou a 285 mil toneladas de CO2e, que inclui: CO2, CH4, N2O, HFC, entre outros.

Em relação às fontes energéticas, a empresa garante ter 23% de sua eletricidade proveniente de fontes limpas ou renováveis. Em contrapartida, o carvão tem sido a principal matriz, com 27%, seguido por gás (17%), nuclear (13%) e os 20% restantes advindos de mercados de energia, que podem ter qualquer uma das fontes mencionadas anteriormente.

O alvo do Facebook é de que as energias renováveis possam suprir 25% de sua demanda até 2015. Durante este período, serão priorizados sistemas que maximizem a eficiência energética e os novos centros de dados devem ser construídos em locais que tenham maior facilidade no acesso às energias limpas.

A rede social de Mark Zuckerberg conta atualmente com mais de 950 milhões de usuários e esse enorme alcance deve ser aproveitado em campanhas de conscientização e trabalhos informativos feitos a partir de aplicativos e parcerias com organizações ambientais.

Desmate na Amazônia cai 23% em um ano

Maranhão registra maior queda, seguido por Amazonas e Acre, mostra satélite

 

 

O desmatamento na Amazônia Legal caiu 23% entre agosto de 2011 e julho de 2012, apontam dados preliminares do Deter, o sistema de detecção rápida por satélite usado pelo governo federal. Nos últimos 12 meses, a floresta teria perdido cerca de 2 mil quilômetros quadrados. Dos nove Estados que compõem a região, apenas Roraima teve aumento no desflorestamento. 


Os dados apresentados nesta quinta-feira, 2, pelo Ministério do Meio Ambiente, frutos de um sistema que varre a Amazônia Legal por satélite a cada dois dias, são considerados um indicativo para os números finais, levantados pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), mais preciso e divulgado no final do ano. “O Deter é uma base importante. Podemos dizer que há uma tendência de queda”, disse a ministra Izabella Teixeira. 

De acordo com o Deter, o desmatamento teria diminuído em 10 dos 12 meses, caindo 50% de abril a junho. Houve dois picos, em novembro, com 10% de aumento em relação ao período anterior, e em janeiro, com 250%. 

A maior queda aconteceu no Maranhão, que reduziu a um terço a área desmatada, na comparação com o período anterior. Pará, Amazonas e Acre também diminuíram muito suas áreas desflorestadas, mas Mato Grosso, que já tinha a maior área em risco no período 2010/2011, reduziu apenas 2,7% e é novamente o campeão de desmatamento em valores absolutos. Sozinho, o Estado desmatou 952 dos 2.050 km² de floresta derrubada desde agosto de 2011. 

Segundo Izabella, Mato Grosso tem áreas de Cerrado, onde a obrigatoriedade de reserva legal é menor – 35% em vez dos 80% da floresta amazônica – e o Deter não identifica que tipo de vegetação foi desmatada. No ano passado, disse, o Estado foi responsável por 17,5% do desmatamento registrado, atrás do Pará, com 46,9%. Ainda assim, reconhece, Mato Grosso tem uma enorme fronteira agrícola com cada vez mais pessoas chegando. “Muitas vezes essas pessoas não respeitam a lei. Isso aumenta a possibilidade de desmatamento.” 

Áreas menores. O tamanho das áreas desmatadas estaria caindo, o que vem dificultando a detecção no sistema por satélite. De grandes porções de terra de até 1 mil km², o desflorestamento agora acontece em pequenas áreas. “É o que eu chamo de ‘desmatamento puxadinho’. Temos visto o crescimento desse tipo de ação nos últimos dois ou três anos”, disse a ministra. Um novo satélite deve entrar em órbita em dezembro para melhorar a detecção. “Vamos colocar uns óculos no Deter”, brincou ela. 

Apesar da queda geral, duas cidades do Pará entraram na lista de municípios prioritários por terem registrado crescimento nos dois últimos anos. Anapu, em 2009, teve 26,5 km² de área desmatada. Passou para 226,8 km² em 2011. Senador José Porfírio foi de 3,6 km² a 101,9 km². Do outro lado, Ulianópolis (PA) saiu da lista. A cidade foi uma das beneficiadas por um projeto de novas fontes de desenvolvimento sustentável financiado com uma doação do governo da Noruega.

Brasil prevê R$ 28 bilhões em biodiesel até 2020

A União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene e a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil consideraram que o crescimento do setor demanda investimentos

 

 

São Paulo - O setor de biodiesel do Brasil prevê investimentos de R$ 28 bilhões até 2020, anunciaram nesta quinta-feira as duas principais entidades do setor.

Em um encontro realizado em São Paulo, a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) consideraram que o crescimento "vigoroso" do setor irá demandar investimentos bilionários.


Atualmente, o Governo estuda o novo marco regulatório para esse tipo de biocombustível, a fim de fixar a percentagem de mistura obrigatória ao diesel comum.

Desde 2004, quando entrou em vigor o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, a percentagem de adição do biodiesel ao diesel é de 5%,

A adição do biodiesel, produzido de oleaginosas como girassol, soja e palma de dendê, deverá subir para 10% em 2014 e chegar a 20% em 2020.

Em 2011, o Brasil se manteve entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel do mundo, com 2,7 bilhões de litros e US$ 6,5 bilhões movimentados pelo setor.

No entanto, a produção das 60 usinas instaladas no país equivale apenas a 40% da capacidade.

As duas principais entidades do setor homenagearam nesta quinta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo impulso dado durante seus dois mandatos de Governo, que entre 2005 e 2010 empregou 1,3 milhão de pessoas.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O peso da sustentabilidade na hora da compra

Por Fabián Echegaray

O brasileiro dá sinais de que vem mudando os critérios nos momentos de compra.
 
O preço continua sendo o atributo de maior peso e as características dos produtos são menos decisivas; ao passo que a confiança na marca e o status de obter o produto ganharam força.
E quanto à atuação sustentável dos fabricantes: o seu uso como atributo decisório acompanha o aumento da saliência do tema na mídia?

Na verdade, não. Mesmo com a crescente exposição a informações e comunicações, o consumidor brasileiro continua considerando a atuação sustentável dos fabricantes como um atributo secundário. Secundário é igual a marginal?

Nem um pouco. Ele aparece, mas atrás das preocupações clássicas como preço e qualidade. E – para ser honesto – poderíamos realmente esperar algo diferente numa época marcada pela meteórica ascensão de milhões de brasileiros às classes médias e a facilidade com que se permite que satisfaçam sua voracidade de consumo (até ontem reprimida)?

De todas as formas, a culpa não pode estar sempre nos outros. E isso leva à pergunta: mas, então, o que as empresas que têm incorporado a sustentabilidade como princípio norteador da gestão podem fazer no sentido de alavancar a importância desse atributo nos processos decisórios de compra da demanda, ganhando margem competitiva sobre concorrentes que se mantêm com o business as usual?

Entender a sustentabilidade como um conjunto de valores e princípios implica considerá-la como associável à marca, à gestão, à produção, à qualidade dos produtos, enfim, às diversas dimensões de uma organização.

Considerando-se a evolução dos atributos de compra dos consumidores brasileiros, a aposta mais promissora seria a de agregar o valor sustentabilidade à marca como um todo, uma vez que o prestígio do fabricante tem se constituído em um atributo cada vez mais importante, saindo da terceira posição, em 2010, para a segunda, em 2012.

A mensagem latente parece passar por aproveitar a relação de confiança entre cliente e empresa para comunicar as vantagens sustentáveis de um produto ou serviço, de forma que fiquem claras e tangíveis aos públicos-alvo.

Assim, os consumidores poderão se munir desses critérios sustentáveis no momento da decisão. E não suspeitar que, ao fazer isso, estejam dando um salto no obscuro.

É importante ponderar que, embora o atributo “atuação sustentável” ainda esteja atrás dos demais, a sua importância é pouco questionada pelos consumidores: quando perguntados sobre quão importante é o compromisso socioambiental de uma empresa na eleição de um produto, 85% dos brasileiros declaram que ele é algo ou muito relevante. Quer dizer que temos um consumidor indeciso?

Antes disso, o contraste entre importância atribuída e o peso concreto que a sustentabilidade tem na hora da escolha descortina a pobre referenciação da atuação socioambiental das empresas de cara aos seus consumidores. Esse dado revela uma disposição tácita a aceitar propostas de valor que tragam destaque à performance sustentável, sem ter, por isso, de sacrificar o bolso pagando mais caro, resignar-se a uma expectativa de funcionamento diferente do produto ou abrir mão da sensação de garantia e reconhecimento individual que uma marca outorga ao indivíduo.

Por fim, o que hoje influencia mais no peso final conquistado pelo comportamento sustentável do fabricante como atributo de compra? As pesquisas permitem obter várias pistas, cada uma sensível a um segmento determinado da economia. Ao analisarmos os consumidores a partir do nível de informação sobre sustentabilidade empresarial, por exemplo, fica claro que, à medida que se tornam mais informados, menor é o peso do preço como atributo decisório e maior a importância da atuação sustentável.

Olhando com mais atenção, é possível notar que, para ambos os atributos, a diferença maior ocorre justamente na brecha entre os consumidores desinformados e os que estão pouco informados. Esse resultado revela que mesmo um baixo contato com a sustentabilidade das empresas já implica mudanças na forma de ponderar os critérios usados nos processos de compra.



As empresas que buscam atuar de modo responsável têm uma tarefa menos árdua em termos de esforço e mais desafiadora no que diz respeito à criatividade para conseguir atrelar o atributo sustentabilidade aos processos decisórios de compra. Ao menos no Brasil, essa importância é praticamente uma unanimidade e, à medida que o consumidor se sente mais munido de informações sobre a atuação das corporações, a desproporção do peso entre o preço e o comportamento socioambiental do fabricante reduz.

Trata-se de uma tarefa tão inventiva quanto estimulante ao interior das organizações: tornar a performance sustentável da empresa e seus produtos um tema mais legível e tangível para a demanda. E mais explícita em seu alinhamento com a proposta de valor da marca e a experiência de uso do produto pelo consumidor.

Fabián Echegaray é Ph.D em Ciência Política pela Universidade de Connecticut (EUA) e diretor-geral da Market Analysis, instituto de pesquisas especializado em sustentabilidade e responsabilidade social.

 

Festival do Açaí em Inhangapi será realizado de 17 a 19 de agosto


A cidade de Inhangapi, conhecida como a “Capital do açaí do nordeste paraense” já está organizando os preparativos para a realização da 15ª edição do Festival do Açaí. Serão três dias de evento que prometem agitar o município e reunir mais de 20 mil visitantes.



O festival tem como finalidade dar prosseguimento à implementação da política de gestão ambiental integrada para o desenvolvimento sustentável do município de Inhangapi. Despontando como atividade econômica proeminente, a extração vegetal do açaí em Inhangapi é um dos setores que recebe grande incentivo da administração municipal. A produção atual chega atualmente ao número de 100 mil mudas por ano, através do cultivo da fruta.
 
O festival surgiu em 1998 e além da importância econômica, social e cultural, também visa à conscientização ecológica no Pará em torno da cultura do açaí. A festa acontece no espaço cultural da cidade, ponto turístico que fica às margens do rio Inhangapi.

A organização do evento é de responsabilidade da Prefeitura de Inhangapi, que mantém parcerias com órgãos e entidades importantes, como é o caso do SESC Pará, entre outros.
Confira a programação deste ano:

17/08/12 – Sexta-feira

09h às 17h – Espaço Cultural: Recreação, brincadeiras dirigidas, jogos de salão, brinquedos infláveis, orientação à saúde e cuidados com meio ambiente;
09h às 17h – Ginásio e Arena SESC (ao lado do ginásio): Torneios de futsal e vôlei nas categorias masculino e feminino;
20h – Show com Badalasom – Búfalo do Marajó.

18/08/12 – Sábado

09h às 17h – Trilha Ecológica com o Corpo de Bombeiros e  Projeto Criança Cidadã;
09h às 11h30 – Ginásio e Arena SESC: Torneios de futsal e vôlei nas categorias masculino e feminino;
16h – Açaizais do Espaço Cultural – Concurso Peconheiro;
19h – Concurso Garota Açaí;
22h – Shows com Forró Bondfarra e Anjos do Mélody.

19/08/12 – Domingo

09h às 17h – Trilha Ecológica com o Corpo de Bombeiros e Projeto Criança Cidadã;
14h – Shows com Jeito Inocente e Viviane Batidão. 
 Por Divania Batista (Com informações do SESC/PMI)


Justiça Eleitoral apura troca de água por votos no semiárido do Nordeste

Carlos Madeiro Do UOL, em Maceió

Durante uma semana, o UOL passou por cidades do semiárido de quatro Estados nordestinos (Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe), visitou comunidades e conversou com sertanejos. Todos relataram um cenário desolador, que começa a ser percebido a pouco mais de 100 km do litoral. Na viagem, aos poucos a paisagem verde vai dando lugar à terra seca e rachada


Órgãos fiscalizadores e entidades representativas no Nordeste estão preocupados com um problema antigo, mas que ainda assombra a região: o uso eleitoral da água em épocas de seca no semiárido. Com surgimento das primeiras denúncias de suposta troca de votos por ajuda emergencial, investigações e campanhas foram lançadas nos últimos dias com intuito de alertar sertanejos e candidatos sobre os crimes previstos em oferecer vantagem indevidas a eleitores em período de campanha eleitoral.

Se em outros anos a preocupação já existia, em 2012 ela é maior, pois pelo menos 1.000 municípios nordestinos decretaram situação de emergência por conta da seca, que é considerada por especialistas a maior nas últimas três décadas. Não chove em muitos municípios desde setembro de 2011.

No Piauí, onde 155 municípios estão em emergência, uma denúncia de uso eleitoral da distribuição de água no município de Picos (a 308 km de Teresina), na semana passada, levou o procurador Regional Eleitoral, Alexandre Assunção e Silva, a expedir uma recomendação aos promotores pedindo fiscalização rigorosa da execução de programas emergenciais.

“Façam o acompanhamento da execução financeira e administrativa de todo o processo de distribuição gratuita de água à população, por parte da administração pública municipal, nos casos de calamidade pública e estado de emergência decorrentes da seca, a fim de evitar a prática da conduta vedada prevista no art. 73, § 10, da Lei n. 9.504/97, bem como que comuniquem, imediatamente, à Procuradoria Regional Eleitoral, qualquer indicio de crime de corrupção eleitoral (pelo uso de água potável como moeda de troca por votos) envolvendo prefeito”, diz a recomendação da Procuradoria endereçada a todos os promotores de zonas eleitorais de municípios atingidos pela estiagem.

Segundo informou o procurador ao UOL, a distribuição de água com fins eleitoreiros pode resultar na cassação do registro ou do diploma do acusado. “Também pode caracterizar crime de corrupção eleitoral”, complementou.

Campanha

 

A mesma preocupação com uso eleitoral da água tem a ASA (Articulação do Semiárido), organização que congrega cerca de 750 entidades no sertão nordestino e de Minas Gerais que lutam por políticas de convivência com a seca.

Segundo a ASA, com as constantes denúncias de uso político da água em períodos eleitorais, um alerta foi dado este mês aos sertanejos.

“Muitos políticos aproveitam as medidas de emergência e socorro às vítimas da estiagem, tais como carros-pipa, distribuição de alimentos, distribuição de sementes, para comprarem votos e manterem-se no poder”, diz o mote de uma campanha lançada pela organização, que alerta para o uso eleitoral da água.

Cartazes foram distribuídos e spots estão sendo veiculados em rádios comunitárias no interior de todos os Estados atingidos.

“Fizemos orientações às organizações, e estamos com campanha sobre isso, identificando os problemas. Nós fizemos também um programa de rádio para que isso seja difundido. A gente sabe costume no semiárido usar o direito do cidadão como uma forma de comprar os votos, e devemos estar precavidos para que não ocorra essa utilização por políticos”, disse ao UOL o coordenador da ASA, Naidison Batista.

Segundo Batista, outras instituições também estão tentando alertar os sertanejos sobre os seus direitos. “Os conselhos nutricionais também estão fazendo o debate com seus membros, para que eles multipliquem a informação nos locais onde eles atuem. A ajuda de emergência que os sertanejos recebem na seca não são doação, não são bondade. Utilizar isso eleitoralmente é crime.

Na Bahia, o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado também distribuiu carta alertando sobre a necessidade da sociedade de fiscalizar o uso da água e da ajuda emergencial do governo aos 254 municípios em situação de emergência pela estiagem.

“Alertamos, no entanto, que a necessidade de prestar assistência por meio de ações emergenciais, deve ser acompanhada por uma constante vigilância, para que não se reproduza expedientes que, em outras épocas, subjugou a população do semiárido à indústria da seca e às relações de dominação política. Neste sentido, enfatizamos a necessidade das instâncias de controle social e do conjunto da sociedade civil organizada destes municípios mais penalizados com a longa estiagem, se envolverem no processo de seleção e distribuição destes alimentos”, diz carta.

Em Pernambuco, onde 112 municípios são afetados, para evitar o desvio da água para redutos eleitorais de prefeitos e vereadores, o governo do Estado instalou mais de 600 GPS em caminhões-pipa que distribuem água em comunidades rurais. Com o equipamento, o trajeto definido é fiscalizado pelos conselhos de desenvolvimento dos municípios, Instituto Agrônomo de Pernambuco e Exército, que verificam se houve cumprimento ou desvios no trajeto.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

57,1% do PET consumido no Brasil é reciclado



A oitava edição do Censo da Reciclagem de PET no Brasil, realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), apontou que em 2011 a reciclagem desse tipo de material aumentou 4,25%, no Brasil, em relação ao ano anterior, mantendo o país entre os líderes mundiais do setor. 

Atualmente, cerca de 294 mil toneladas de embalagens PET pós-consumo são destinadas à reciclagem, o que representa 57,1% do total de embalagens desse material que são descartadas pelo consumidor brasileiro. A atividade gera um faturamento anual de R$ 1,2 bilhão para o setor da indústria do PET no país. 

O Censo apontou, ainda, os principais destinos do PET reciclado no Brasil: a indústria têxtil aparece em primeiro lugar no ranking, respondendo pelo uso de aproximadamente 40% de todo o material, seguida pelos setores de embalagens e de aplicações químicas, que recebem, cada um, 18% do total de PET reciclado no país. 

Colesterol: de gota a Alzheimer

Em excesso, ele não é inimigo apenas do coração. De panes nos neurônios a dolorosas inflamações no dedão do pé, achados recentes desvendam o que a substância pode causar pelo corpo



Embora esteja na boca do povo há décadas, com frequência duas grandes confusões são feitas a seu respeito. A primeira é chamá-lo de gordura, quando, na verdade, trata-se de um álcool complexo - detalhe químico mais complexo ainda. A segunda é que seu potencial nocivo se restringe ao sistema cardiovascular. "O colesterol circula por boa parte do organismo para formar membranas celulares, ácido biliar e hormônios", relata Eder Quintão, endocrinologista do Laboratório de Lípides da Universidade de São Paulo. Esse acesso quase irrestrito, apesar de essencial para inúmeras atividades, traz seus inconvenientes. Isso porque dá a possibilidade de ele, quando nas alturas, acarretar estragos em diversas regiões.


Após analisarem dados epidemiológicos que relacionam altos índices da partícula a demências, por exemplo, cientistas da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, decidiram averiguar o que estaria por trás desse fenômeno. Valendo-se de equipamentos modernos, eles descobriram que o protagonista da reportagem está intimamente ligado ao surgimento das famigeradas proteínas beta-amiloides. "Essas moléculas danificam células nervosas, promovendo a doença de Alzheimer", ensina o bioquímico Charles Sanders, coordenador da pesquisa. 

"O trabalho americano nos ajuda a compreender o motivo pelo qual observamos um acúmulo de placas beta-amiloides ao colocarmos neurônios em um meio de cultura repleto de colesterol", enfatiza o neurologista Paulo Caramelli, da Universidade Federal de Minas Gerais. "Mas ele não explica por que existe uma associação, principalmente em pacientes acima dos 75 anos, entre a doença de Alzheimer e problemas vasculares", contrapõe. 

Há, claro, quem acredite que esse vínculo seja resultado da idade avançada. Em outras palavras, indivíduos nessa faixa etária tenderiam a sofrer mais com ambos os transtornos simplesmente pelo fato de o corpo estar envelhecendo. Essa, entretanto, não é a única hipótese levantada pelos especialistas. "Taxas elevadas de colesterol provocam inflamações nos vasos, que, ao longo dos anos, também dificultam a passagem de sangue", ressalta Angelina Zanesco, fisiologista do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro. Se a artéria comprometida é uma que chega à massa cinzenta, as células nervosas deixam de ser abastecidas adequadamente com o líquido vermelho. Resultado: elas param de funcionar direito por falta de nutrientes, o que contribuiria para o extermínio das memórias. 

Outro mal que às vezes implica queima de arquivos mentais atende pelo nome de derrame isquêmico - o bloqueio por completo do fluxo sanguíneo acaba matando os neurônios, digamos, de fome. Em várias situações, a obstrução decorre do excesso de colesterol circulante. 

Quando o assunto é diabete, invariavelmente se fala em glicose. Mas adivinhe que outra molécula está envolvida com a enfermidade. "O excesso de colesterol no pâncreas atrapalha a fabricação de insulina, responsável por colocar o açúcar para dentro das células", revela Francisco Helfenstein Fonseca, cardiologista e coordenador do Setor de Lípides, Aterosclerose e Biologia Vascular da Universidade Federal de São Paulo. E, com doses a menos desse hormônio na circulação, a glicemia sobe que nem foguete. Por outro lado, quando você tem bastante HDL, aquela espécie de faxineiro da circulação, a probabilidade de desenvolver ou agravar o quadro diminui. 

Nem as articulações estão a salvo da avalanche de colesterol. "Ele facilita o aparecimento de crises de gota", exemplifica Ricardo Fuller, chefe do Ambulatório de Reumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Esse distúrbio, caracterizado por inchaço e dores intensas nas juntas - principalmente no dedão do pé -, depende de processos inflamatórios para dar as caras. Ao que tudo indica, taxas expressivas da substância em questão auxiliam a alastrar esse incêndio. 

A artrite reumatoide, outro mal que ataca as juntas, propiciando incômodos, perda de movimento e deformações, também pode ser agravada por você já sabe quem. "Aliás, uma pesquisa deste ano verificou falhas na função do HDL de quem possui a doença", reforça Fuller. Mesmo assim, ainda faltam evidências sólidas de que o tratamento para controlar o colesterol beneficie pessoas com desordens reumatológicas. 

No futuro, a ciência deve oferecer uma resposta definitiva para essa dúvida. Outra pergunta é se a partícula abordada aqui seria o estopim para cânceres. "Segundo alguns estudos, o uso de estatinas, medicamentos que reduzem a concentração dessa molécula no sangue, previne tumores como o de próstata, mama e intestino", afirma Samuel Aguiar Júnior, cirurgião oncologista e diretor do Núcleo de Tumores Colorretais do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. "Só que esses trabalhos são poucos e ainda controversos", ressalva. 

Um vestígio extra desse possível elo é o de que levantamentos populacionais definem sujeitos com pouco LDL e muito HDL como mais protegidos contra o câncer. "Resta saber se o dado encontrado é consequência do colesterol ou se hábitos saudáveis, que regulam seus níveis ao mesmo tempo que trazem outras melhorias para o organismo, são os verdadeiros responsáveis pelos números encontrados", pondera Aguiar Júnior. 

O que doma o colesterol 

Quando descobrimos que grande parte dessa substância é manufaturada no fígado independentemente da alimentação, muita gente supõe que quase não adianta tomar cuidado com o que ingerimos. "Essa impressão não poderia estar mais equivocada", garante Raul von der Heyde, nutricionista da Universidade Federal do Paraná. "Por exemplo: o consumo de gorduras saturadas, presentes no óleo de dendê, em carnes e no leite, aumenta significativamente os índices de colesterol, sobretudo de LDL, na corrente sanguínea", argumenta o especialista. 

Se as gorduras saturadas culminam em mais LDL, as poli-insaturadas das nozes e do salmão fazem exatamente o contrário. "Mas elas, se ingeridas além da conta, infelizmente reduzem os níveis de HDL", lamenta Raul von der Heyde. Por isso, nada de abusar - o ideal é que elas componham não mais do que 10% do total de calorias do dia. 

Também aposte nas fibras solúveis. Junto com a água, elas formam um gel no intestino que impede o colesterol de ser absorvido. Para abastecer seus estoques do nutriente, invista em frutas como maçã, laranja e pera ou lance mão da aveia. Só não se esqueça de beber H2O. Caso contrário, os benefícios se esvaecem. 

Por mais que certos estudos vinculem o azeite de oliva e o abacate, fontes de gordura monoinsaturada, com mais HDL no sangue, não existe uma verdadeira comprovação de que isso ocorre. Se o objetivo é incrementar a concentração dessa aliada da saúde, a melhor estratégia atende pela alcunha de atividade física. "Os exercícios não apenas aumentam o número das moléculas como melhoram a qualidade delas", acrescenta Maria Teresa Zanella, presidente do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. 

Para obter a benesse, são necessários esforço e um pouco de paciência. "A intensidade precisa ser de moderada a alta. Após três meses de prática esportiva constante, as mudanças começam a surgir", informa a fisiologista Angelina Zanesco. Com o colesterol sob rédeas curtas, as memórias de uma vida livre de diabete, câncer e dores nas articulações têm tudo para ficar na sua cabeça.