quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pernambuco vai produzir bioenergia a partir da vinhaça da cana

Esta é a primeira indústria produtora de bioenergia a partir de vinhaça, um subproduto da cana-de-açúcar l Foto: Divulgação/Cetrel


A Cetrel, empresa de proteção ambiental, uniu-se ao Grupo JB para inaugurar a primeira indústria produtora de bioenergia a partir de vinhaça. O subproduto do caldo da cana-de-açúcar é resultado da fabricação de etanol produzida pelo JB.

Em cada litro de álcool produzido são deixados 12 litros de vinhaça como sobproduto. Aproveitá-lo para gerar energia limpa é uma ótima alternativa. A usina está localizada em Vitória de Santo Antão, no interior de Pernambuco.

Inicialmente, a geração de energia utilizará 20% da capacidade total da empresa, que corresponde a cerca 0,85 MW de biogás. No total, 612 MW serão comercializados no mercado livre, mensalmente, afirma a empresa.

O biogás é gerado através de uma tecnologia de biodigestão própria para a vinhaça. Tendo em média 80% de metano, o biogás tem uma grande capacidade de queima em relação a outras fontes de resíduo, que geralmente possui 50% a 70% de metano. 

“Aplicamos os conceitos de biodigestão para desenvolver uma tecnologia específica e, deste modo, apresentar a vinhaça como uma excelente alternativa para produção de energia limpa no País”, diz a gerente da área de bioenergia da Cetrel, Suzana Domingues.

A gerente também explica como é alta a capacidade deste subproduto em gerar energia. “Para termos a dimensão desse potencial, na safra 2010/2011 foram produzidos 25 bilhões de litros de álcool, o que corresponde à geração de cerca de 300 bilhões de litros de vinhaça. Este volume seria suficiente para gerar 1.600 MW, aproximadamente 45% da capacidade instalada de uma hidrelétrica como a de Jirau, com vantagem de produzir energia de forma descentralizada e sem impacto para o meio ambiente”, analisa Suzana.

De acordo com o presidente do Grupo JB, José Carlos Beltrão, a maior parte das 440 usinas sucroenergéticas do país podem utilizar a mesma tecnologia.  Ele garante que o biogás pode ser aplicado em caldeiras na própria usina, ou indústrias próximas, ou ser usado também como biogás veicular, após tratamento para atingir a especificação.

Para que o projeto seja aplicado em outros locais é necessário observar alguns fatores.  “Primeiro entendemos as necessidades do empresário e estudamos as condições da vinhaça produzida na usina, depois definimos qual o projeto mais adequado em termos de escala e aplicação para obter uma estimativa do investimento”, explica Suzana.

Segundo a especialista, para ser economicamente viável, o volume de vinhaça disponível deve ser de, no mínimo, cinco a seis mil metros cúbicos/dia (5 a 6 mil m3/dia), dependendo da aplicação e da qualidade do insumo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário