Brasília - O Brasil ocupa posição de destaque na produção de  energias renováveis, mas poderia fazer mais esforços em relação às  energias solar e eólica, segundo relatório da Conferência da ONU para  Comércio e Desenvolvimento (Unctad), divulgado ontem (29). O documento  informa que o Brasil foi o quinto país que mais investiu em energias  limpas no ano passado, totalizando US$ 7 bilhões.
  A China, com o valor recorde de US$ 49 bilhões, liderou os  investimentos em energias renováveis em 2010, seguida pela Alemanha (US$  41,1 bilhões), os Estados Unidos (US$ 30 bilhões) e a Itália (US$ 14  bilhões).
  "O Brasil, devido ao seu clima e à sua superfície, tem enorme  potencial em termos de energia eólica e solar, mas não explora de forma  suficiente sua capacidade nessas áreas”, disse a diretora do relatório Tecnologia e Inovação - Potencialização do Desenvolvimento com Energias Renováveis,  Anne Miroux.
  Ela observou que o país se concentra em setores “maduros”, como os  biocombustíveis e a geração de energia hidrelétrica, criados há décadas.  "O Brasil está entre os principais países que produzem energias  renováveis, mas não em termos de energias modernas, como a eólica e a  solar, nas quais nos focalizamos hoje", acrescentou.
  Segundo dados do instituto voltado para estudos na área de energias  renováveis REN 21, citados no relatório, o Brasil é o quarto principal  país em termos de capacidade de produção dessas energias, incluindo a  hidrelétrica. Mas o país não está entre os cinco principais em relação à  capacidade de produção de energia eólica (liderada pela China) ou  solar.
  O relatório da Unctad acrescenta que os países do grupo Brics  (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) "fazem avanços  tecnológicos significativos nos setores eólico e solar". "A China está  fazendo grandes esforços em relação ao uso de energias renováveis. Um  dos grandes problemas do país são as suas centrais térmicas que utilizam  carvão. A transição não é simples e não pode ser feita de um dia para o  outro", disse Miroux.
  A diretora ressaltou que o Brasil "está no bom caminho" com o  objetivo "notório" de desenvolver as energias renováveis, apesar de  ainda "não fazer o suficiente" em relação às energias solar e eólica.  Miroux elogiou a meta fixada pelo governo de que 75% da eletricidade  produzida no país sejam provenientes de energias renováveis em 2030. "O  Brasil é um dos raros, talvez o único, a ter uma meta tão ambiciosa",  disse a diretora, que pergunta se as reservas do pré-sal colocarão em  risco a estratégia atual de desenvolvimento das energias limpas no país.
  Segundo o relatório, os investimentos globais em energias renováveis  saltaram de US$ 33 bilhões em 2004 para US$ 211 bilhões no ano passado –  um aumento de 539,4%. O crescimento médio anual no período foi de 38%.
  Apesar dos números, Miroux  alertou que ainda faltam “centenas de  bilhões de dólares” para aperfeiçoar as tecnologias nos países em  desenvolvimento e expandir o uso das energias renováveis no mundo.De  acordo com o relatório, as energias renováveis oferecem oportunidade  real para reduzir a pobreza energética nos países em desenvolvimento.
 

 












