terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PF ainda não começou a investigar morte de criança indígena no Maranhão

Violência contra povos indígenas não poupa nem as crianças/Foto: Paulo Côrtes
Denunciado ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na última semana, pelo índio Luís Carlos Tenetehara, o assassinato de uma criança indígena no Maranhão, carbonizada por madeireiros em outubro de 2011, ainda não é alvo de investigação da Polícia Federal (PF). O assunto ganhou força através das redes sociais. A criança pertencia à etnia Awá-Guajá, que vive isolada na Reserva Indígena Arariboia, no município de Arame, 470 quilômetros ao Sudoeste de São Luís.
 
O índio que denunciou o crime pertence ao povo Tenetehara, que também vive em Arariboia. Ele informou que costumava ver os Awá-Guajá em caçadas na mata, mas que deixou de encontrá-los depois que viu um acampamento com sinais de incêndio e com os restos mortais da criança.

“Depois disso, não foi mais visto o grupo isolado. Nesse período, os madeireiros estavam lá. Eram muitos. Agora desapareceram. Não foram mais lá. Até para nós é perigoso andar, imagine para os isolados”, relatou Luís Carlos à Agência Brasil.

“A denúncia não foi encaminhada ao Ministério Público nem à Polícia Federal. O índio fez o relato ao Cimi [Conselho Indigenista Missionário] e não à Polícia Federal. Ainda não começou nenhuma investigação”, informou o chefe da Delegacia de Defesa Institucional da Superintendência da PF no Maranhão, Rodrigo Santos Correia.

Os Tenetahara acreditam que os Awá tenham se dispersado para outros pontos de Arariboia temendo novos ataques. Segundo eles, a ação de madeireiros na região tem feito com que os Awá migrem do centro do território para as periferias, ficando sujeitos ao contato com a sociedade. As migrações também são motivadas pela extração madeireira, já que os Awá são essencialmente coletores.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que recebeu, em novembro, denúncia anônima sobre assassinatos de índios na região, sem especificar porém que havia uma criança entre as vítimas. O órgão também disse que protocolou denúncia na Polícia Federal e solicitou que uma investigação fosse feita.

A entidade enviou uma equipe de Imperatriz para a Terra Indígena de Arariboia. Até o fim da segunda-feira, 9 de janeiro, a Funai confirmava que os três funcionários já haviam voltado de Arariboia e que iria divulgar o relatório da apuração à tarde, o que não ocorreu até o fechamento desta matéria.

A assessoria de imprensa da Funai informou que está levantando informações sobre o funcionamento do órgão no Maranhão e que deve divulgar o material nesta terça-feira (10).

Fonte: ecodesenvolvimento.org.br 
 

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