sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Cidades devem ser administradas como "organismos vivos", defende especialista

Especialista em assentamentos informais, Nicholas You ajudou a formular o Índice de Cidades Verdes/Foto: Reprodução
Os elaboradores das políticas deixam de ver a cidade como uma entidade única. A opinião é do especialista em meio ambiente urbano Nicholas You, presidente do comitê de coordenação da campanha urbana mundial da ONU-Habitat, uma plataforma para organizações privadas e públicas compartilharem políticas e ferramentas urbanas sustentáveis.

Em entrevista para o Índice de Cidades Verdes (GCI, na sigla em inglês), iniciativa produzida pela Economist Intelligence Unit, com o patrocínio da Siemens, You defendeu que o caminho para cidades mais verdes passa por repensar em como gerenciá-las.

"Todos são responsáveis por uma fatia do problema, como água, energia e transporte, porém, ninguém controla o quadro geral. Os prestadores de serviço trabalham em um isolamento esplêndido, que é prejudicial à abordagem holística necessária para tornar as cidades mais sustentáveis", criticou o especialista. As cidades deveriam fazer planejamento urbano em longo prazo, de cima para baixo", sugeriu.

Na concepção de Nicholas You, as cidades até desenvolvem, de forma geral, práticas que podem ser consideradas inovadoras e sustentáveis, mas tais iniciativas acabam isoladas, pois não são implementadas na "elaboração de políticas ao mais alto nível". "Precisamos nos conscientizar de que há muita inovação lá fora. Como poderemos documentar de maneira sistemática essas histórias e registrar as lições aprendidas, além de apresentar um mecanismo de comentários e informações diretamente dentro da política?", questionou.

Para o especialista em meio ambiente urbano, levar o planejamento a sério é a principal chave para as cidades da América Latina e do resto do mundo se tornarem ambientalmente sustentáveis. "Eu não estou dizendo planejamento 'setorial', em que cada setor (água, energia, saneamento básico) planeja independentemente. Precisamos olhar para as cidades ou para a região metropolitana como um todo.

"A cidade é um organismo vivo que precisa ser gerido como uma entidade única, e como qualquer organismo vivo, precisa ser desenvolvida" - Nicholas You.
 
You citou as jurisdições, que "competem entre si", como um dos maiores inimigos da urbanização sustentável. "Você tem áreas metropolitanas que atravessam várias jurisdições, em diversas comissões de planejamento e fornecedores independentes de serviços. Você pode estar ocupado tentando tornar sua cidade

mais verde, porém metade da população que depende da sua cidade vive em outros municípios e tem uma estrutura governamental diferente", observou.

"Esses governos estão empenhados em construir o próximo shopping center, o novo campo de golfe e o próximo exburb (áreas de baixa densidade de ocupação nos arredores das grandes cidades, onde se utiliza o automóvel como principal meio de locomoção)", acrescentou Nicholas You. As cidades proativas estão cientes que não podem ter altos percentuais de sua população socialmente excluída e esperar ser uma cidade global, concluiu.

Fonte: ecodesenvolvimento.org.br

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